terça-feira, 12 de abril de 2011

Terceira Dança - dramaturgia e criação em dança para a Terceira Idade




Em 2008, a partir de oficinas oferecidas pelo programa Arena da Cultura, da Fundação Municipal de Cultura (FMC) de Belo Horizonte, iniciei uma pesquisa de criação e dramaturgia em dança, com aproximadamente 20 participantes, com idades variando de 45 a 85 anos. As oficinas aconteceram em um galpão do Lar São Vicente de Paula, no bairro das Indústrias. Todos os participantes residiam neste bairro, que é bastante afastado do centro da cidade.

Ao final de um semestre de pesquisa, apresentamos um pequeno trabalho coreográfico, intitulado "Aquela Infância...", pela relação da dramaturgia com as lembranças e memórias afetivas dos participantes. Este trabalho foi apresentado na Mostra 10 anos Arena da Cultura.

Com a paralização do programa Arena da Cultura, em 2009, as oficinas deixaram de ser realizadas. Porém, os participantes, entusiasmados com as ressonâncias da arte e cultura nas suas vidas, me procuraram para alguma articulação política, pensando em dar prosseguimento a pesquisa cênica.

Através de encontros e reuniões informais, criamos o grupo de dança Terceira Dança - dramaturgia e criação em dança para a Terceira Idade, com o intuito dar prosseguimento a pesquisa, via editais público de formação, capacitação e fomento às artes. Em 2010, o projeto foi contemplado pelo programa Território Minas, que faz parte da programação do Fórum Internacional de Dança (FID).
Durante 03 meses, tivemos subisídios para a continuidade da pesquisa, com contratação de professores de dança e músicos, para a elaboração de um novo trabalho coreográfico.

Os parceiros nessa caminhada, os artistas Fábio Dornas e Karina Collaço, também foram professores do programa Arena da Cultura e deram todo o suporte nesse processo de autonomia e autogestão do coletivo que, atualmente, vem se destacado no cenário artístico pela investigação e envolvimento com uma linguagem contemporânea de dança, em corpos idosos.

Terceira Dança se interessa na elaboração de uma prática e criação em dança que conceba o corpo do idoso nas suas diferentes posssibilidades, na construção de uma dramaturgia que acolha a memória e história desse corpo. Assim, o grupo, assume uma poética do corpo concebido sem formatação prévia, ou disciplinamento pelas técnicas tradicionais em dança, efetivando, desta forma, a negação de padrões corporais para o fazer artístico, em uma concepção contemporânea de arte. Explicita, desta forma, que a dança pode ser produzida por qualquer um que a deseje e se empenhe nesse fazer artístico.

(http://terceiradanca.blogspot.com)






segunda-feira, 4 de abril de 2011

Interações Estéticas: residências artísticas em Pontos de Cultura - Uberlândia - MG - 2011




Através do Prêmio Funarte Interações Estéticas: residências artísticas em Pontos de Cultura, de março a junho de 2011, venho desenvolvendo o projeto Corpopaisagem no Ponto de Cultura Balé de Rua, em Uberlândia, trabalhando artes integradas. O projeto envolve as linguagens do desenho, dança e cinema, bem como o cruzamento e envolvimento dessas linguagens com o espaço urbano.

O ponto de partida para esse processo se deu em cima de pesquisas de imagens no Google Maps. Cada participante, visualizou pela ferramenta do google, o percurso de sua casa até o Ponto de Cultura e, posteriormente, criou o seu próprio mapa, considerando, além da espacialidade geográfica, os afetamentos que as passagens provocavam em seus corpos. Desses mapas, surgiram textos sobre esses percursos e a conversa sobre corpo e cidade foi criando forma e envolvendo outras questões, como política e construção de cidadania.

Pelo mapa da cidade de Uberlândia, cada participante pode mostrar para o outro o seu percurso, marcando com canetinha e giz de cera, pontos que consideravam marcantes nos seus trajetos, como o supermercado do avô, a escola, o rio Uberabinha, dentre outros. O percurso da casa ao Ponto de Cultura é feito diariamente de transporte coletivo pelos alunos que tem, como espaço comum, o Terminal Central de Ônibus.





Em um segundo momento do processo de residência, o trabalho esteve centrado nas sensibilizações corporal, através de atividades envolvendo a dança e experimentações sensitivas. O discurso e a reflexão sobre corpo e cidade, neste momento, se deu via contato direto: em duplas, trios e grupos, os participantes puderam se tocar e se conhecer, aprendendo a respeitar os limites do corpo do outro.

A princípio a idéia foi explorar o espaço do Ponto de Cultura para, posteriormente, as experimentações tomarem outras proporções, esparramando-se no lado de fora, nas calçadas, em volta do quarteirão. Do lado de dentro, os participantes foram ganhando confiança para estarem no espaço de fora, em processo de pesquisa.

Com os olhos vendados e percepção alterada, percebeu-se a abertura de canais de sensibilização para novas possibilidades de ocupações, dentro e fora. Do jogo de duplas, onde um dá suporte as experimentações do outro, foram criados vínculos de confiança e de afeto, essenciais para o bom encontro e envolvimento entre as pessoas








Dia Internacional da Dança

No dia 29 de abril é celebrado o Dia Internacional da Dança. Com a intenção de fazer com que a arte esteja esparramada no cotididano e seja efetivamente vivenciada pelas pessoas, transeuntes, desde 2009, neste dia, procuro promover encontros em espaços públicos urbanos, para o exercício da improvisação em dança. Este evento conta com a colaboração de parceiros.

Entendendo que arte e política fazem parte de um mesmo universo, a dança, inserida no contexto urbano, faz-se política, em uma poética de encontros inusitados, capazes de promover rupturas nas previsibilidades citadinas. Estando no contexto público urbano, a arte chega à cotidianidade, não como objeto de luxo, mas como objeto pertencente à própria cultura humana e construção de subjetividade contemporânea.


2009 - Praça da Estação -Belo Horizonte - MG




2010 - Praça da Estação - Belo Horizonte - MG

Oficina: Corpopaisagem - Inverno Cultural de São João Del Rei - MG -2010




A oficina Corpopaisagem, ministrada no Inverno Cultural de São João Del Rei, buscou conexões com o espaço urbano a partir de caminhadas a deriva pela cidade, piqueniques em calçadão público, experimentações em dança e muita discussão sobre ocupações públicas urbanas.

Durante 01 semana, os participantes se envolveram no estudo e investigação do corpo através de dinâmicas em educação somática, jogos improvisacionais e contato-improvisação, além da apreciação de material em vídeo sobre ocupações públicas urbanas pelas práticas artísticas. Ao final de cada dia da oficina, a cidade era explorada de forma diferente da habitual.

A intenção se dava na abertura de diálogos envolvendo corpo e cidade, desde o lugar em que o corpo assume no cotidiano citadino até as novas estratégias de ocupação corporal no espaço urbano, pela experimentação em dança. Cabe ressaltar que o espaço público urbano é o lugar, por excelência, do exercício da política e da construção de cidadania. Desta forma, pensar em arte urbana é uma forma de pensar em política pública.

Corpopaisagem é um conceito criado por mim para dizer de uma dramaturgia da improvisação, envolvendo corpo e paisagens urbanas.











coletivo em obras - Belo Horizonte - MG - 2009





Em 2009, a partir de oficinas oferecidas pelo programa Arena da Cultura, da Fundação Municipal de Cultura (FMC) de Belo Horizonte, iniciei uma pesquisa de criação e dramaturgia em dança, com aproximadamente 16 participantes, com idades variando de 16 a 60 anos. As oficinas ocorreram no Núcleo de Cultura da FMC, ao lado da Praça da Estação central da cidade.

Durante 03 meses, as oficinas, ministradas por mim, possibilitaram um estudo e investigação do corpo, a partir de práticas em dança contemporânea, apreciação de material em vídeo, leitura de textos e discussões. No quarto mês de pesquisa, a pesquisa passou a ocupar o espaço público urbano, onde as práticas em dança aconteciam na Praça da Estação.

Com a paralização do programa Arena da Cultura,as oficinas deixaram de ser realizadas. Porém, durante os meses de pesquisa, nas discussões com os participantes, muitas vezes envolvendo políticas públicas culturais (já que o Arena da Cultura, programa ao qual todos estávamos inseridos, já havia anunciado a possível paralização com a troca de governo) resolvemos criar uma estratégia de continuidade de pesquisa, caso o programa fosse cancelado. Assim, fundamos o coletivo em obras, com o intuito de ocupar as praças públicas da cidade e exercer a política, por outras vias, colocando a mostra uma prática artística.

A idéia seria a de que o coletivo exercesse a autonomia, em amplo sentido, desde a sua gestão até os seus laços institucionais, funcionando de forma autogestora. Os encontros passaram a acontecer quinzenalmente, em diferentes praças públicas e no parque Municipal da cidade.

No final de 2009, resolvi me desarticular do grupo, por estar envolvida no processo de mestrado e por acreditar que somente me afastando, poderia avaliar se estaria acontecendo a autogestão do grupo, sem a figura do "professor". Atualmente, o coletivo em obras organiza encontros para o exercício da dança periódicamente, além de já terem participado de Festivais de Artes da cidade.
(http://emobras-coletivo.blogspot.com)